A vida surpreende-nos e ainda bem. Nós precisamos dos seus abanões, das sacudidelas que nos parecem dizer "ou decides o que fazer ou rapidamente há quem decida por ti." E nós lá tiramos uns minutos, uma manhã, um dia para pensar, mais uma vez, no que nos tornaria mais realizados, mais felizes, mais tranquilos, mais completos. Mas a vida surpreende-nos e ainda bem. Ela não se limita a abanar, vai-nos dando pistas, proporcionando contextos, criando situações que não nos deixam indiferentes, que mexem connosco, que nos angustiam ou deliciam, que nos fazem querer ou repudiam, ela provoca-nos. E nós voltamos a pensar, a ter as mesmas certezas sobre o que não queremos, a desejar sentir todos os dias o que só o pensamento nos faz sentir, a querer muito decidir o que não conseguimos definir e tudo entra no círculo vicioso que nos deixa estonteados, confusos. E perante as novidades, os desafios que a vida nos vai lançando reagimos... a bem, sempre. Porque sabemos "que a vida nos traz o que precisamos e que não é propriamente o que mais desejamos" (Zé Pedro Cobra), porque queremos ter a certeza de poder retirar da nova experiência aquilo que ela nos veio trazer, porque há sempre um lado bom no que nos parece, à priori, menos bom e porque mudar, sair da nossa zona de conforto nos faz crescer. Não estamos longe, de certo. Arrisco mesmo a dizer que estamos no caminho... e assim sendo, é só esperar que a vida (mais uma vez) nos surpreenda e nos mostre que foi o caminho que nos trouxe até nós.